Esse era o tempo que tinham me dado para fazer uma apresentação sobre Barter em uma Convenção de Vendas. Mas só 3 minutos, poderiam pensar alguns? Para mim foi: Yes, vou ter a atenção de todos por 3 minutos e preciso aproveitar!
Como explicar uma operação comercial-financeira de venda de insumos agrícolas, com hedge em derivativos e CPR com penhor como garantia, tendo como pagamento a produção que o produtor ainda iria colher, em 3 minutos?
Simples, usando dois aviões de papel. Me posicionei na frente da sala com a minha mochila com umas 200 pessoas me encarando, entre vendedores, diretores e afins, e de dentro dela tirei o primeiro avião. Era um desses que a gente aprende a dobrar quando criança, com aquele bico comprido.
Todo mundo certamente conhecia aquele modelo e sabia como dobrar. Esse avião representava uma forma de venda normal, onde todo mundo sabia como fazer e até que fazia bem, mas até aí nada demais.
Eis que eu o lanço na sala e ele voa até cair aos pés de um amigo vendedor. Peço a ele para pegar esse avião e me lançar de volta. Esse retorno representava o recebimento da conta, que muitas vezes a equipe de cobrança precisava ir até o produtor para receber esse pagamento da conta.
2 minutos já tinham passado, me restava apenas 1 para explicar o Barter. Tiro da mochila outro avião, dessa vez um planador, cheio de dobras engenhosas, mais trabalhoso do que o avião anterior, porém com um diferencial: se souber dobrá-lo e jogá-lo corretamente, ele voa e volta para sua mão.
Desafio pronto: lançar o avião e fazê-lo voltar na minha mão. A sala inteira ficou envolvida, na expectativa do que iria acontecer! Metade torcia contra só para ver a desgraça alheia e outra estava junto comigo!
Contagem regressiva: 3, 2, 1 e…. zupt… voa, voa, voa e……. ele volta perfeitamente na minha mão! A sala foi à loucura e a galera batia palmas! Finalizei dizendo “Isso é o Barter, uma operação mais complexa de se fazer e com um retorno diferenciado!” Fim dos 3 minutos.
Meu diretor veio ao meu encontro ao final da apresentação de olhos arregalados. Pensei “vou levar uma agora”, afinal ele não sabia como seria a minha apresentação. “Marina, a partir de hoje vou desafiar a todos a falarem de finanças sem um número sequer. Parabéns.” Ali eu entendi que eu tinha uma missão: explicar coisas complexas de maneira simples, fácil e objetiva. E eu sigo em frente nessa missão.