Eu gosto muito de observar as coisas, as pessoas. Isso me ajuda a tentar entender o meu mundo interno. Vejo situações fora e penso se ajo da mesma forma, ou como reagiria se estivesse nessa mesma situação. Assim, a partir dos inúmeros exemplos cotidianos, busco evoluir como pessoa.
Hoje estou com estas duas palavras na cabeça: coragem e coerência. Uma transmite, para mim, o ímpeto, a força para colocar em prática algo que está trancafiado dentro de mim e que quero realizar. A outra soa como um alinhamento entre o que penso, o que falo, o que vivo.
Uma é meio, a outra é forma. Uma requer uma ação conjunta para se realizar, como ter coragem de saltar de paraquedas. A outra requer um porquê para se realizar, uma justificativa que se encaixe dentro do que quero e acredito para minha vida.
Quem já viu meu perfil profissional percebeu que vivi um período sabático. Não sei qual foi a interpretação que fizeram disso, mas sei que poucos me questionaram sobre isso. Pelo menos tinha sido assim até então. Hoje uma pessoa me elogiou por ter colocado isso no meu perfil. Eu agradeci, mas pensei: porque receber um elogio por colocar algo que escolhi viver, assim como todos os demais cargos e empresas que escolhi trabalhar?
Decidi realizar um período sabático quando meu filho nasceu. Eu decidi não retomar minhas atividades na empresa que trabalhava ao término da minha licença maternidade. Mesmo assumindo uma nova área, mesmo com aumento de salário, mesmo com perspectivas de crescimento no curto prazo. Nada disso me fez abrir mão da escolha que tinha feito: a de viver intensamente aquele momento, de mudar novamente o rumo da minha vida. No entanto, isso não quer dizer que tenha sido uma decisão fácil.
Muitas pessoas me olhavam admiradas dizendo: que coragem! Na ocasião achei que era apenas coragem mesmo ao abrir mão de uma vida em função de uma outra que tinha apenas 3 quilos e 49 centímetros. Eu via a surpresa nos olhos das pessoas, misturado com arrependimento por não ter feito o mesmo, mas também sentia os julgamentos envoltos em comentários sarcásticos como: “Duvido! Amanhã ela vai aparecer trabalhando em outra empresa, espera só”.
Quando a vida o convida a fazer uma mudança, ela é vista como um perigo. Mas qual é o maior perigo? O maior perigo é descobrir que a história que você sempre acreditou ser a sua vida é apenas uma invenção da mente. (Sri Prem Baba)
Cansou de tanto esperar. Quase dois anos se passaram até que eu criei minha própria empresa, ao invés de aceitar um convite para voltar ao mercado de trabalho, e de novo eu ouvi: que coragem! Mas dessa vez os sentimentos que chegaram até mim foram muito mais positivos do que negativos. E nessa hora eu entendi a coerência.
Coragem, assim como outros sentimentos que nos levam a dar um passo a frente, a vencer o medo, a realizar algo grandioso em nós, só fazem sentido quando envolvidos pela coerência. Ela é quem costura os atos corajosos e faz a nossa história ter sentido. E ao fazer sentido você mostra para si e para o mundo qual o seu propósito de vida.
A coerência do propósito é resultado da soma dos diversos atos aparentemente incoerentes de coragem que realizamos ao longo da vida. Por isso, da próxima vez que estiver diante de alguém que esteja mudando a sua vida, entenda que aquilo faz parte de uma história que está sendo escrita e que muitas vezes só poderá ser plenamente compreendida quando lida por completo.
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