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386

10 de dezembro de 2017

Em uma das empresas em que trabalhei eu montei uma equipe multidisciplinar, e entre eles tinha uma pessoa da famigerada geração Millennials. Ele foi contratado por suas competências bem específicas, era um gênio em planilhas e, em empresa sem sistema, quem sabe Excel é rei!

Ele era realmente ótimo no que fazia, mas eu sentia que não conseguia me conectar com ele. Ele tinha vindo do ramo da tecnologia, e o agronegócio era um ambiente completamente novo para ele. Eu explicava conceitos, levava em reuniões, treinamentos, mas eu sentia não dava liga. Parecia que aquele mundo agro não o encantava, como encantava a mim.

Um dia fiz uma pergunta a ele e a resposta dele foi a mais direta, clara e objetiva que eu poderia ter. Falei assim: se você pudesse comparar esse negócio onde você está trabalhando com uma versão de computador, qual versão seria? E ele sem pestanejar: um 386!

Fiquei pasma, pois fazendo as contas para a época, essa versão era de quase 20 anos atrás! Naquele momento eu entendi que não era apenas uma questão de querer inseri-lo no ambiente, mas sim de que era necessário atualizar a versão daquele ambiente para que ele se tornasse atrativo. Como naquela história que fala para cuidarmos do jardim ao invés de ir atrás das borboletas, sabe?

Mas o pior ainda estava por vir. Tempos depois eu saí da empresa e tive tempo para me dedicar a estudar mais sobre outros assuntos e mergulhei no universo das Startups. Comecei a devorar tudo o que via sobre fintech, agtech, hackaton, blockchain e a cada nova pesquisa, uma nova realidade se abria na minha frente e eu me perguntava: onde é que eu estava enquanto tudo isso estava acontecendo?!

Neste momento a minha ficha realmente caiu e eu entendi que aquela carapuça do 386 também servia para mim! Eu que me considerava super atualizada e por dentro de um monte de coisas do mercado, percebi que não vi essa manada passar bem debaixo do meu nariz. E por que? Porque estava ocupada demais com as metas, relatórios, reuniões e não tinha tempo para me dedicar ao novo. Ou melhor, aquilo não podia ser a minha prioridade.

Diante disso, eu pergunto: em qual versão nós, as empresas, o setor que atuamos está atualizado? Quantos de nós por vezes proclamamos um discurso de apoio à inovação, mas quando o bicho pega é o primeiro corte no orçamento que fazemos? Quantos de nós apoiamos e incentivamos ideias disruptivas, desde que não nos façam desapegar de premissas ultrapassadas?

Não importa se a nova geração é XYZ, Millennials, Centennials ou qualquer outra, é preciso sempre atualizar a nossa própria versão para, no mínimo, conseguirmos nos conectar com eles.

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